A viagem de navio dos imigrantes italianos
Bilhete de viagem para 2a. classe de Genova para o Rio de Janeiro em 1928
Vapor Giulio Cesare
Viajando em trens, carroças e até mesmo a pé, milhares de famílias abandonavam suas casas e percorriam enormes distâncias até os portos de embarque para o Brasil. Os principais portos de embarque na Itália eram: Nápoles e Gênova.
A norma estabelecida pelo Governo do Estado de São Paulo concedia passagens gratuitas apenas às famílias que viessem de terceira classe. Sem recursos para custear a própria passagem, a maioria dos imigrantes tinha a sua passagem paga pelo Estado. Eram então embarcados na terceira classe, que além, de estar localizada nos porões dos navios, quase sempre vinha com uma lotação acima da capacidade.
Acima, corte esquemático de um navio que transportava imigrantes. Os imigrantes eram acomodados nos beliches do 3o. pavimento de baixo para cima.
O grande número de passageiros e as precárias condições sanitárias favoreciam a proliferação de doenças contagiosas, pois os porões eram escuros, úmidos e muito pouco ventilados. Era o pior lugar do navio. Não eram raras as ocorrências de mortes e mesmo de nascimentos durante a viagem.
Cabine da III Classe
Além dos surtos de piolho, as doenças mais comuns eram o sarampo e a cólera. Quando alguém morria, o corpo era colocado dentro de um saco de lona juntamente com algumas pedras de carvão mineral para fazer peso. Costurava-se o saco que, após uma rápida cerimônia religiosa, era lançado ao mar. Sem possibilidade de manter o corpo a bordo, esse procedimento era necessário para evitar o contágio dos demais passageiros.
Menu da III Classe
No início do processo imigratório a rota Europa-Brasil era realizada por navios a vela. Sujeitos a variações climáticas e calmarias, chegavam a levar até 60 dias para completar a viagem. Com o desenvolvimento dos navios a vapor, a partir do final do século 19 as viagens tornavam-se mais rápidas. Passaram a levar de 13 a 30 dias quando vinham da Europa.
Ao desembarcar, os imigrantes eram imediatamente colocados em um trem que parava no próprio porto. Esse trem transportava-os até a estação da Hospedaria dos Imigrantes, na cidade de São Paulo. Quando não era possível viajar no mesmo dia, permaneciam uma noite na desconfortável hospedaria existente na cidade de Santos.